Olá, queridx leitor! Gostaria de iniciar a nossa interação hoje com um: como vai?
Afinal, os últimos dias não têm sido nada fáceis. Com a chegada da pandemia do Covid19, muito da nossa rotina diária mudou repentinamente e, como consequência, fomos afetados em âmbito físico e mental. Não é nada simples lidar com o isolamento requerido neste momento e, honestamente, desejo que todxs estejam se cuidando bem! Diante desta reflexão inicial, pretendo pontuar aqui algumas questões que considero de extrema relevância para combatermos o aparente “caos” atual

TEMPOS DE DOR

Neste mês de junho, além da pandemia, tivemos em alta a onda de protestos antirracista ocasionada (engatilhada), pela morte de George Floyd nos EUA, que por sinal, havia sido contagiado com
o coronavírus, demitido do trabalho por consequência da pandemia e ainda por cima, morreu sob o joelho de um policial branco. Um caso de brutalidade policial que desencadeou a onda mais
generalizada e intensa de protestos contra o racismo desde o assassinato de Martin Luther King, inclusive atravessando fronteiras, chegando, portanto, até o Brasil. O caso gerou um verdadeiro sentimento de revolta e comoção, levando a população a tomar medidas de intervenção imediatas. Incluindo, ir às ruas em meio a uma pandemia de alcance mundial.

O que mais mata negros no Brasil e no mundo são as políticas do Estado, não somente a pandemia do novo coronavirus. É o racismo dentro da estrutura capitalista com a ajuda do Estado que, hoje, tem o poder e a capacidade de ditar quem pode viver e quem deve morrer, seja pelas políticas de acesso a serviços de saúde de qualidade e a moradia, seja pela política de segurança pública que permite o assassinato e a violência contra negros e negras diariamente. Outro grupo fortemente atingido pela pandemia e também pelas políticas do Estado é a comunidade LGBTQIA+. O impacto negativo do isolamento social em decorrência da pandemia é consideravelmente maior entre a população LGBT. É o que mostram os dados preliminares de pesquisa realizada pelo coletivo #VoteLGBT em todo o país. A pesquisa é inédita no país e foi disponibilizada através de questionário on-line com 50 perguntas sobre trabalho, renda, saúde, acesso à informação e atuação dos gestores públicos durante a pandemia.
Os problemas de saúde mental durante o isolamento social são a maior preocupação dos entrevistados, afirmaram 44% das lésbicas; 34% dos gays; 47% dos bissexuais e pansexuais; e 42% das transexuais. Já 21,6% do mesmo grupo de pessoas informou estar desempregado.

COMO ORGANIZAR O CAOS?
Como percebemos no decorrer deste artigo, já não é simples colocar as coisas em seus devidos lugares possuindo privilégios, ainda muito menos quando se faz parte de grupos marginalizados e que são na maioria das vezes, distanciados de políticas de apoio do Estado. Para combater tamanho caos é necessária muita desconstrução, processo este que se inicia em nós mesmos, mas que, mesmo parecendo um processo interno e lento, deve se tornar externo de forma urgente. Evitando que finais trágicos como de: George, Marielle, Dandara, Miguel, João Pedro e outros negrxs e LGBTs , se repitam cada dia mais.

ORGULHO PRETO E LGBT

A cada 19 horas, um LGBT é assassinado no Brasil. Além disso, 75% das vítimas de homicídio no país são negras. É uma luta dupla que não possui intervalo. Já temos nossos corpos negados em diversos espaços, o tempo inteiro. Para organizar tamanha dívida, é necessário rever diversos processos na estrutura do nosso país, como: debater a desmilitarização da polícia, além da formação com base em direitos humanos e discutir os números e reparação histórica dessa violência e porque ela afeta as pessoas negras LGBT’s e toda a diversidade de pessoas negras.
É necessário dar visibilidade para essas pautas que de uma forma ou de outra, costumam ser silenciadas e apagadas. Nós, PRETOS e LGBTQIA+, temos orgulho do que somos e mesmo não havendo nada que nos envergonhe em nossa vida, ainda nos perseguem dia após dia. No entanto, seguimos ainda vivos e vivas e ninguém vai poder calar nossa voz!
Fica aqui o último questionamento deste artigo: Como você pode ajudar com essa revolução mundial?

P.S: Espero que aí na sua cabeça existam agora vários outros questionamentos após
esse nosso “papo”.

Abçs afetuosos,
Eddie Carvalho (@eddia__)